O casamento da minha melhor amiga
Essa é a Patrícia, nos conhecemos
há aproximadamente onze anos, uma amizade que resiste ao tempo, é realmente
uma amizade sobrevivente, cheia de trocas. Nos conhecemos em um ponto de
ônibus, voltando de uma viagem escolar.Sentamos no meio fio e reclamamos da
nossa tristeza e da insegurança, coisas típicas de quem vence lutos na
adolescência. Desde então, viramos confidentes, companheira de vários momentos,
como a primeira relação amorosa e o primeiro porre. Temos coisas em comum e
também incomuns. Entre elas um sonho: O sonho da Patrícia era se casar. Ela
pode negar até a morte, mas é verdade. Ela sempre foi mais corajosa e se jogava
de cabeça nos relacionamentos. Ela é dona de uma incrível sensibilidade (e de
uma irritação) e acertava em várias previsões. Uma vez ela fez uma previsão
para o meu futuro: que eu iria me casar com um professor de inglês e ter uma
vida campestre. Enfim, não sei se hoje isso combina comigo. A questão é: tirei
uma linda foto no casamento da minha amiga. Não sei se é esse o meu destino, me
casar, como ela, - ainda por cima, com um professor de inglês, afinal eu não
gosto de inglês. Mas andei pensando sobre previsão e sonhos e me lembrei de um
sonho. Quando eu tinha uns 13 anos, ganhei um dinheiro como presente da minha avó.
Não, eu não comprei a Barbie Rapunzel, e sim uma máquina fotográfica, cujo
filme eu sempre queimava e fazia péssimas imagens. Uma coisa era fato, eu
adorava fotografar. Cresci com essa idéia em meu imaginário, mas aos poucos ela
desaparecia e aparecia, como um pisca-pisca no natal. Em 2010 juntei dinheiro e
comprei uma máquina fotográfica, e sabe o que eu fiz com o meu sonho? Enfiei na
gaveta e abri duas vezes ao ano. Lamentável. Fiz isso várias vezes, enfiei
sonhos e sonhos na gaveta. Os motivos? Talvez minhas neuras sociais,
limitações, baixo estima, descrença. Atualmente tenho esse quadro menos acentuado
e espero que isso mude afinal desejos não foram feitos para serem sufocados.Mãe, eu quero ser fotógrafa.