29/04/2012


O casamento da minha melhor amiga




Essa é a Patrícia, nos conhecemos há aproximadamente onze anos, uma amizade que resiste ao tempo, é realmente uma amizade sobrevivente, cheia de trocas. Nos conhecemos em um ponto de ônibus, voltando de uma viagem escolar.Sentamos no meio fio e reclamamos da nossa tristeza e da insegurança, coisas típicas de quem vence lutos na adolescência. Desde então, viramos confidentes, companheira de vários momentos, como a primeira relação amorosa e o primeiro porre. Temos coisas em comum e também incomuns. Entre elas um sonho: O sonho da Patrícia era se casar. Ela pode negar até a morte, mas é verdade. Ela sempre foi mais corajosa e se jogava de cabeça nos relacionamentos. Ela é dona de uma incrível sensibilidade (e de uma irritação) e acertava em várias previsões. Uma vez ela fez uma previsão para o meu futuro: que eu iria me casar com um professor de inglês e ter uma vida campestre. Enfim, não sei se hoje isso combina comigo. A questão é: tirei uma linda foto no casamento da minha amiga. Não sei se é esse o meu destino, me casar, como ela, - ainda por cima, com um professor de inglês, afinal eu não gosto de inglês. Mas andei pensando sobre previsão e sonhos e me lembrei de um sonho. Quando eu tinha uns 13 anos, ganhei um dinheiro como presente da minha avó. Não, eu não comprei a Barbie Rapunzel, e sim uma máquina fotográfica, cujo filme eu sempre queimava e fazia péssimas imagens. Uma coisa era fato, eu adorava fotografar. Cresci com essa idéia em meu imaginário, mas aos poucos ela desaparecia e aparecia, como um pisca-pisca no natal. Em 2010 juntei dinheiro e comprei uma máquina fotográfica, e sabe o que eu fiz com o meu sonho? Enfiei na gaveta e abri duas vezes ao ano. Lamentável. Fiz isso várias vezes, enfiei sonhos e sonhos na gaveta. Os motivos? Talvez minhas neuras sociais, limitações, baixo estima, descrença. Atualmente tenho esse quadro menos acentuado e espero que isso mude afinal desejos não foram feitos para serem sufocados.Mãe, eu quero ser fotógrafa.
A Arte dos encontros e desencontros




Tudo bem. O que temos até agora? Uma pessoa que gosta mais de si e que tem sede de encontro. Ah, os encontros! É extremamente bom se encontrar e encontrar. Tenho vinte dois anos, sou jovem e já tenho preguiça das pessoas, e um pouco da vida, então quando me identifico com algo ou com alguém é difícil, aliviante e catártico. Mas encontrar  consiste em suportar também o antônimo: desencontrar. Eis a parte difícil. Deixar. Encontramos e deixamos, e esse movimento de placas tectônicas faz parte da vida (e da vagueza dela). Encontramos, e assim temos: dois corpos, dois copos, ideia, êxtase, projetos, um pedaço de vida, sintonia, felicidade, vinhos, canções, beijos, abraços, noites de chuva, um esboço de amor, música, felicidade sem compromisso - esse último item é o melhor, pois não envolve o peso da palavra "em um relacionamento sério". Ok. Então eis que surge o desencontro, como se fosse uma adolescente boba que não sabe o que vestir, e nem para onde ir.  É a parte incômoda, muitas vezes não digerível, inconformada e desconfortável da história. Junto dessa discrepância temos: as indagações, perdas, lutos, saída da zona de conforto, insegurança, apenas filmes, borracha, respostas, um pingado de tristeza, um copo e um gole de uísque. Há sempre uma pesca dos (possíveis) motivos que impulsionaram o desencontro, podendo ser a (in) compatibilidade de gênios, o momento, a (in) segurança, ou o medo. Nunca se sabe. 
O fato é: encontrar é muito bom, mas desencontrar é triste, e o mais engraçado é que o encontro só se dá por seu antônimo.É uma lógica estranha, o começo e o fim. Desencontramos para encontrar - e vice-versa. Não dá pra saber quando vai durar um encontro. Particularmente, penso que relacionamentos são encontros que duram (pouco ou muito), não é imperecível de qualquer forma. Encontrar, é além de tudo, se ver em outra pessoa, sentir uma simpatia natural, o roçar a barba. Não sei se existem encontros perpétuos. Cheguei a um estágio da vida, em que eu sei quando um desencontro vai acontecer, mas eu nego, não aceito, porque eu não tenho culpa de ser tão difícil de (me) encontrar. Lembro com carinho de todos os encontros bons, de risadas, dos corpos e copos, mas o problema é que na maioria das vezes não estou disposta a pagar o preço pelo desencontro, mesmo sabendo da necessidade do fim. É instintivo querer repetir, ou prosseguir no que é bom e faz bem, no entanto é tênue a linha entre saber o que é melhor e desejar o que é bom. Me assumo, prefiro a qualidade dos encontros. Convivo com uma fase difícil, porque não quero um encontro extremamente duradouro, e por um lado, estou com preguiça dos encontros rápidos e vazios. E ao me deparar com alguém que me complete ou some menos, lembro do último encontro de almas celestes que tive. Dá saudade, e isso pode ter nome: insistência. Talvez, a dificuldade com encontros e desencontros é a prova de que sou completamente e loucamente perdida, ou/e que tenho um medo infernal e barulhento de ser cativada, afinal, eu corro o risco de chorar, não é mesmo?