29/04/2012

A Arte dos encontros e desencontros




Tudo bem. O que temos até agora? Uma pessoa que gosta mais de si e que tem sede de encontro. Ah, os encontros! É extremamente bom se encontrar e encontrar. Tenho vinte dois anos, sou jovem e já tenho preguiça das pessoas, e um pouco da vida, então quando me identifico com algo ou com alguém é difícil, aliviante e catártico. Mas encontrar  consiste em suportar também o antônimo: desencontrar. Eis a parte difícil. Deixar. Encontramos e deixamos, e esse movimento de placas tectônicas faz parte da vida (e da vagueza dela). Encontramos, e assim temos: dois corpos, dois copos, ideia, êxtase, projetos, um pedaço de vida, sintonia, felicidade, vinhos, canções, beijos, abraços, noites de chuva, um esboço de amor, música, felicidade sem compromisso - esse último item é o melhor, pois não envolve o peso da palavra "em um relacionamento sério". Ok. Então eis que surge o desencontro, como se fosse uma adolescente boba que não sabe o que vestir, e nem para onde ir.  É a parte incômoda, muitas vezes não digerível, inconformada e desconfortável da história. Junto dessa discrepância temos: as indagações, perdas, lutos, saída da zona de conforto, insegurança, apenas filmes, borracha, respostas, um pingado de tristeza, um copo e um gole de uísque. Há sempre uma pesca dos (possíveis) motivos que impulsionaram o desencontro, podendo ser a (in) compatibilidade de gênios, o momento, a (in) segurança, ou o medo. Nunca se sabe. 
O fato é: encontrar é muito bom, mas desencontrar é triste, e o mais engraçado é que o encontro só se dá por seu antônimo.É uma lógica estranha, o começo e o fim. Desencontramos para encontrar - e vice-versa. Não dá pra saber quando vai durar um encontro. Particularmente, penso que relacionamentos são encontros que duram (pouco ou muito), não é imperecível de qualquer forma. Encontrar, é além de tudo, se ver em outra pessoa, sentir uma simpatia natural, o roçar a barba. Não sei se existem encontros perpétuos. Cheguei a um estágio da vida, em que eu sei quando um desencontro vai acontecer, mas eu nego, não aceito, porque eu não tenho culpa de ser tão difícil de (me) encontrar. Lembro com carinho de todos os encontros bons, de risadas, dos corpos e copos, mas o problema é que na maioria das vezes não estou disposta a pagar o preço pelo desencontro, mesmo sabendo da necessidade do fim. É instintivo querer repetir, ou prosseguir no que é bom e faz bem, no entanto é tênue a linha entre saber o que é melhor e desejar o que é bom. Me assumo, prefiro a qualidade dos encontros. Convivo com uma fase difícil, porque não quero um encontro extremamente duradouro, e por um lado, estou com preguiça dos encontros rápidos e vazios. E ao me deparar com alguém que me complete ou some menos, lembro do último encontro de almas celestes que tive. Dá saudade, e isso pode ter nome: insistência. Talvez, a dificuldade com encontros e desencontros é a prova de que sou completamente e loucamente perdida, ou/e que tenho um medo infernal e barulhento de ser cativada, afinal, eu corro o risco de chorar, não é mesmo?


Um comentário:

Bruna disse...

Amei a parte de sair da zona de conforto. Ela, ironicamente, me incomoda! Penso que é uma zona de "segurança" e ao mesmo tempo de um perigo angustiante, afinal, nada é pior que correr o risco (como todo ser humano) de nada acontecer.