Tudo bem. O que temos até agora? Uma pessoa que gosta mais de si e que tem sede
de encontro. Ah, os encontros! É extremamente bom se encontrar e encontrar.
Tenho vinte dois anos, sou jovem e já tenho preguiça das pessoas, e um pouco da
vida, então quando me identifico com algo ou com alguém é difícil, aliviante
e catártico. Mas encontrar consiste em suportar também o
antônimo: desencontrar. Eis a parte difícil. Deixar. Encontramos e deixamos, e
esse movimento de placas tectônicas faz parte da vida (e da vagueza dela).
Encontramos, e assim temos: dois corpos, dois copos, ideia, êxtase, projetos,
um pedaço de vida, sintonia, felicidade, vinhos, canções, beijos, abraços,
noites de chuva, um esboço de amor, música, felicidade sem compromisso - esse
último item é o melhor, pois não envolve o peso da palavra "em um relacionamento
sério". Ok. Então eis que surge o desencontro, como se fosse uma
adolescente boba que não sabe o que vestir, e nem para onde ir. É a parte
incômoda, muitas vezes não digerível, inconformada e desconfortável da
história. Junto dessa discrepância temos: as indagações, perdas, lutos, saída
da zona de conforto, insegurança, apenas filmes, borracha, respostas, um
pingado de tristeza, um copo e um gole de uísque. Há sempre uma pesca dos
(possíveis) motivos que impulsionaram o desencontro, podendo ser a (in)
compatibilidade de gênios, o momento, a (in) segurança, ou o medo. Nunca se
sabe.
O fato é: encontrar é muito bom, mas
desencontrar é triste, e o mais engraçado é que o encontro só se dá por seu
antônimo.É uma lógica estranha, o começo e o fim. Desencontramos para
encontrar - e vice-versa. Não dá pra saber quando vai durar um encontro.
Particularmente, penso que relacionamentos são encontros que duram (pouco ou
muito), não é imperecível de qualquer forma. Encontrar, é além de
tudo, se ver em outra pessoa, sentir uma simpatia natural, o roçar a barba. Não
sei se existem encontros perpétuos. Cheguei a um estágio da vida, em que eu sei
quando um desencontro vai acontecer, mas eu nego, não aceito, porque eu não
tenho culpa de ser tão difícil de (me) encontrar. Lembro com carinho de todos
os encontros bons, de risadas, dos corpos e copos, mas o problema é que na maioria das vezes não estou disposta a
pagar o preço pelo desencontro, mesmo sabendo da necessidade do fim. É instintivo
querer repetir, ou prosseguir no que é bom e faz bem, no entanto é tênue a
linha entre saber o que é melhor e desejar o que é bom. Me assumo, prefiro a
qualidade dos encontros. Convivo com uma fase difícil, porque não quero um
encontro extremamente duradouro, e por um lado, estou com preguiça dos
encontros rápidos e vazios. E ao me deparar com alguém que me complete ou some
menos, lembro do último encontro de almas celestes que tive. Dá saudade, e isso
pode ter nome: insistência. Talvez, a dificuldade com encontros e
desencontros é a prova de que sou completamente e loucamente perdida, ou/e que
tenho um medo infernal e barulhento de ser cativada, afinal, eu corro o risco
de chorar, não é mesmo?
Um comentário:
Amei a parte de sair da zona de conforto. Ela, ironicamente, me incomoda! Penso que é uma zona de "segurança" e ao mesmo tempo de um perigo angustiante, afinal, nada é pior que correr o risco (como todo ser humano) de nada acontecer.
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